8. PRINCIPAIS CONCLUSÕES
- Os residentes valorizam sobretudo os impactos económicos do turismo no Algarve. Afirmam que o turismo contribui para aumentar as oportunidades de emprego, para o desenvolvimento das atividades económicas e para a criação de mais negócios e serviços. Contudo, salientam a influência negativa que o turismo também provoca, através do aumento do preço das casas e dos terrenos, dos bens e serviços essenciais e do custo de vida.
- Os impactos socioculturais do turismo são percebidos sobretudo pela sua influência positiva. Os residentes afirmam que o turismo contribui para o reconhecimento, prestígio e imagem do Algarve, e estimula as atividades culturais e as tradições locais. No entanto, acreditam que também contribui para aumentar o stress dos residentes, o consumo de álcool e drogas e, eventualmente, também as infeções sexualmente transmissíveis, pelo contacto que existe entre residentes e turistas.
- Os impactos ambientais do turismo são entendidos numa perspetiva negativa. Os residentes sublinham o aumento da poluição, do barulho e do lixo, a ocupação excessiva das áreas naturais, e os problemas de trânsito. Todavia, também reconhecem que o turismo tem contribuído para melhorar o sistema de sinalização, a limpeza dos espaços públicos e as infraestruturas, como estradas, caminhos de ferro, instalações desportivas, etc.
- Os residentes são compassivos com os turistas e tratam-nos com respeito. Mas, pese embora sejam gratos pelos benefícios económicos, não se identificam culturalmente com os turistas. As diferenças socioculturais e o facto de os turistas permanecerem pouco tempo na região explicam, eventualmente, a ausência de laços afetivos.
- Os residentes consideram os turistas simpáticos, curiosos, respeitosos, educados, amigáveis e agradáveis. Uma minoria afirma que são demasiado poupados, barulhentos e arrogantes. Estas opiniões advêm do contacto que têm com os turistas sobretudo durante a época alta (meses de verão). O Algarve continua a ser um destino sazonal e muito dependente do «sol e praia». A maioria dos residentes gostaria de manter o mesmo nível de interação com os turistas no futuro.
- A maioria dos residentes inquiridos desempenha profissões relacionadas com o turismo e tem familiares próximos a trabalhar no setor. Por isso, apoiam o crescimento do turismo no Algarve, afirmando que a região deve receber mais turistas. No entanto, admitem não estar muito informados sobre o desenvolvimento turístico no Algarve e, menos ainda, envolvidos no processo de planeamento turístico.
- O Alojamento Local (AL) é uma questão pouco clara para os residentes no Algarve. A maioria afirma que não se opõe à existência de AL nas proximidades da residência, mas também não se manifesta propriamente a favor. Consideram que os AL seriam importantes para diminuir o desemprego, mas que também contribuiriam para aumentar o barulho e a confusão nas zonas residenciais. Garantem não se sentirem inseguros com o crescimento do turismo, mas são sobretudo os residentes seniores que veem mais benefícios nos AL. Provavelmente, por uma questão de segurança, companhia, convívio e até auxílio em caso de necessidade.
- Os residentes consideram que o desenvolvimento turístico do Algarve é moderado ou forte e apoiam o crescimento da atividade. Afirmam que a região deve continuar a ser um destino turístico e que os municípios devem investir mais no desenvolvimento do turismo. Estão dispostos a adotar comportamentos pró-turismo, como receber os turistas com simpatia e ser mais hospitaleiros. No entanto, afirmam não estar dispostos a pagar taxas/impostos em prol do desenvolvimento turístico.
- Os residentes não se mostram muito satisfeitos com a forma como o turismo está a ser gerido pelas entidades competentes.
- A qualidade de vida dos residentes é moderada e está relacionada essencialmente com os elementos naturais da região: qualidade do ar, da água e do meio ambiente. Os residentes mostram-se insatisfeitos com as taxas imobiliárias praticadas e com os benefícios que dizem receber do Governo: as infraestruturas, a educação e a saúde (que consideram insuficientes).
- Em termos gerais, os residentes consideram-se pessoas felizes e satisfeitas com a vida. O turismo contribui para a felicidade dos residentes, já que os que avaliam melhor os impactos do turismo, sentem-se emocionalmente mais próximos dos turistas, apoiam a atividade turística e estão mais satisfeitos com o turismo são, de facto, os mais felizes.
- As principais preocupações dos residentes relativamente ao turismo no Algarve são: a sazonalidade da atividade; a degradação ambiental; a diminuição do número de turistas em virtude da pandemia COVID-19; o desemprego da população local; o aumento da insegurança; a especulação imobiliária; a diminuição do poder de compra dos turistas e dos residentes; a qualidade do turismo; a falta de incentivos e investimentos no interior algarvio; e a falta de políticas que visem melhorar e promover além-fronteiras o turismo do Algarve.
- As sugestões de melhoria apresentadas pelos residentes são: criação e divulgação de mais eventos; preservação do património histórico e ambiental; criação de ofertas alternativas ao «sol e praia»; necessidade de maior divulgação do destino; investimento em infraestruturas e espaços verdes; e aposta na melhoria da qualidade de vida dos residentes para que estes possam receber melhor os turistas.