Uma das dimensões analisadas neste estudo é a perceção dos residentes em relação aos impactos positivos e negativos do turismo nas vertentes económica, sociocultural e ambiental.
2. PERCEÇÃO DOS RESIDENTES EM RELAÇÃO AOS IMPACTOS DO TURISMO
2.1. Impactos Económicos
No que respeita aos impactos económicos do turismo, os residentes percecionam diferentes aspetos positivos e negativos.
Figura 4 – Perceção dos Impactos Económicos Positivos do Turismo
Figura 5 – Perceção dos Impactos Económicos Negativos do Turismo
Em relação aos aspetos positivos, acreditam que o turismo contribui para aumentar as oportunidades de emprego (média = 4,27), para o desenvolvimento das atividades económicas locais (média = 4,22), para criar novos serviços e negócios (média = 4,13), em concreto, negócios para a população residente (média = 4,13). Ainda assim, mostram-se descrentes em relação ao dinheiro que é gasto em estradas e urbanizações por causa do turismo (média = 3,03) e ao dinheiro proveniente do turismo servir para criar melhorias nos municípios (média = 3,17) (Figura 4).
Em relação aos aspetos económicos negativos, os residentes acreditam que o turismo é responsável pelo aumento do preço das casas e dos terrenos (média = 4,46), do custo de vida em geral (média = 4,30) e dos bens e serviços essenciais, como a alimentação, o vestuário, os transportes, etc. (média = 4,01). Contudo, não acreditam que o turismo faça desaparecer o comércio local/tradicional (média = 2,65) ou que a maioria dos negócios locais seja destinada apenas aos turistas (média =3,05) (Figura 5).
Em termos globais, os residentes concordam mais com os impactos económicos positivos (média global = 3,75) do que com os negativos (média global = 3,72), demonstrando que, apesar das circunstâncias, os benefícios económicos gerados pelo turismo superam os prejuízos que eventualmente podem causar.
2.2. Impactos Socioculturais
No que respeita aos impactos socioculturais do turismo, os residentes também percecionam aspetos positivos e negativos.
Figura 6 – Perceção dos Impactos Socioculturais Positivos do Turismo
Figura 7 – Perceção dos Impactos Socioculturais Negativos do Turismo
Como aspetos positivos, destacam sobretudo a hospitalidade e cortesia com que recebem os turistas (média = 3,96), o facto de o turismo contribuir para o reconhecimento, prestígio e imagem do Algarve (média = 3,84) e para estimular as atividades culturais, os festivais e as tradições locais (média = 3,59). Contudo, não acreditam que o turismo contribua para melhorar os serviços públicos (como centros de saúde, instalações desportivas, policiamento, etc.) (média = 2,50) e para aumentar a segurança dos residentes (média = 2,85) (Figura 6).
Como aspetos negativos, destacam sobretudo a relação entre o turismo e o consumo de drogas ou álcool (média = 3,35), o aumento do stress (média = 3,16) e a possibilidade de o turismo contribuir para o aumento de infeções sexualmente transmissíveis (média = 2,86). Ainda assim, não consideram que o turismo cause intolerância e desrespeito por outras culturas (média = 2,47), nem que os residentes possam alterar os seus comportamentos de forma a imitar os turistas (média = 2,51) (Figura 7).
Também no que respeita aos impactos socioculturais, os residentes concordam mais com os impactos positivos (média global = 3,29) do que com os negativos (média global = 2,80), revelando que, apesar de reconhecerem alguns problemas que derivam do contacto com os turistas, valorizam essencialmente os aspetos favoráveis desta relação.
2.3. Impactos Ambientais
Relativamente aos impactos ambientais do turismo, os residentes percecionam também aspetos positivos e negativos.
Figura 8 – Perceção dos Impactos Ambientais Positivos do Turismo
Figura 9 – Perceção dos Impactos Ambientais Negativos do Turismo
No que respeita aos aspetos positivos, acreditam que o turismo contribui para melhorar o sistema de sinalização (para acesso aos alojamentos, monumentos, etc.) (média = 3,19), melhorar a limpeza dos espaços públicos (média = 2,95) e melhorar as infraestruturas públicas (estradas, caminhos de ferro, instalações desportivas, etc.) (média =2,91). Em contrapartida, reconhecem que o turismo não tem contribuído para a construção de mais jardins e espaços verdes (média = 2,53), assim como não contribui para melhorar a proteção ambiental (média = 2,58) (Figura 8).
Relativamente aos aspetos negativos, os residentes destacam sobretudo os problemas de trânsito, estacionamento e acidentes provocados pelo turismo (média = 3,78), a poluição, o barulho e o lixo (média = 3,64) e a ocupação excessiva de áreas naturais (praias, serras, rios, etc.) (média = 3,52). Ainda assim, acreditam que a ocupação massiva destas áreas não impede que os residentes possam usufruir delas também (média = 2,88) (Figura 9).
De um modo geral, constata-se que, apesar de os residentes reconhecerem a ocupação massiva do território durante a época mais turística, não se importam de partilhar os mesmos espaços com os turistas, em virtude dos benefícios que o turismo traz para a região. No entanto, ao contrário dos impactos económicos e socioculturais, em que os residentes destacam sobretudo a influência positiva do turismo, os impactos ambientais são percebidos essencialmente pela influência negativa que provoca no território.
2.4. Estado Atual de Desenvolvimento Turístico no Algarve
A perceção dos residentes em relação aos impactos gerados pelo turismo implica, para além da avaliação dos aspetos positivos e negativos nas vertentes económica, sociocultural e ambiental, um parecer sobre o estado atual do desenvolvimento turístico na região. Em termos gerais, os residentes consideram o desenvolvimento turístico do Algarve como moderado (38,2%) ou forte (26,9%), sendo que a média global corresponde a 3,03 (Figura 10).
Figura 10 – Avaliação do Estado Atual de Desenvolvimento Turístico no Algarve