Estudo utiliza a Escala de Solidariedade Emocional – ESS (Emotional Solidarity Scale) para medir os sentimentos e as emoções dos residentes em relação aos turistas. A média global obtida para o Algarve durante a época alta da atividade turística é de 3,75, o que significa que os residentes são emocionalmente compassivos com os turistas (Figura 11).
3. SENTIMENTOS E EMOÇÕES DOS RESIDENTES EM RELAÇÃO AOS TURISTAS
Figura 11 – Sentimentos e Emoções dos Residentes em Relação aos Turistas
De entre os itens avaliados na ESS, os que obtiveram maiores níveis de concordância são: «trato
os turistas de forma justa» (média = 4,23), «acho que o meu concelho beneficia por receber turistas» (média = 4,08) e «tenho respeito pelos turistas» (média = 4,06). Já os itens que obtiveram níveis de concordância mais baixos são: «tenho bastante em comum com os turistas» (média = 3,20), «posso confiar nos turistas» (média =3,28) e «identifico-me com os turistas» (média = 3,36). Os resultados revelam que, pese embora os residentes sejam gratos aos turistas pelos contributos que geram nos municípios do Algarve, sobretudo os contributos económicos e que, por isso, os tratem com o merecido respeito, não se identificam muito a nível cultural com eles nem sentem muita confiança nos turistas. A média de respostas moderada a estes indicadores deve-se, muito provavelmente, às origens sociais e culturais que distinguem residentes e turistas e ao facto de os turistas permanecerem pouco tempo na região, inviabilizando a possibilidade de estreitarem laços com a população residente.
A solidariedade emocional dos residentes em relação aos turistas deriva, em grande medida, da forma como avaliam o seu comportamento, seja em termos do respeito que os turistas demonstram ter para com os residentes, como da forma como tratam os residentes e dos gastos que realizam. Este último aspeto é determinante, como se viu, já que os benefícios económicos gerados pelo turismo são avaliados como sendo dos mais importantes para os residentes no Algarve.
De modo geral, os residentes avaliam melhor o comportamento dos turistas no que respeita ao trato (média = 3,36), considerando que os turistas tratam os residentes de forma «normal» (53,9%) ou «agradável» (29,7%). Uma percentagem relativa de residentes considera que os turistas tratam os residentes de forma «muito agradável» (7,5%) (Figura 12).
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Figura 12 – Avaliação do Comportamento dos Turistas em Termos de Respeito, Trato e Gastos Realizados
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No que toca ao respeito, a média global é ligeiramente inferior (média = 3,30), sendo que a maioria dos residentes considera os turistas «normais» em termos do respeito que demonstram
(54,9%) ou então consideram-nos como «respeitosos» (27,6%).
Relativamente aos gastos realizados pelos turistas, a média global é bastante inferior (média = 3,06). Ainda assim, a maioria dos residentes considera que os turistas gastam o «normal» (55,3%) ou «bastante» (23,2%). A média global atribuída aos gastos deixa antever a vontade e/ou a necessidade de que os turistas realizem gastos superiores no Algarve, contribuindo de forma mais acentuada para o crescimento económico da região.
Relativamente à descrição qualitativa dos turistas que visitam o Algarve, fez-se uma codificação da questão e o respetivo agrupamento em categorias. Apurou-se que os residentes utilizam sobretudo adjetivos positivos para categorizar os turistas, como «simpáticos» (n = 433), «respeitosos» (n = 175), «educados» (n = 150), «amigáveis» (n = 113), «curiosos» (n = 96) e «calmos» (n = 85). Alguns, embora em minoria, utilizam adjetivos menos favoráveis como «poupados» (n = 97), significando que não gastam muito dinheiro na região, «barulhentos» (n = 58), «arrogantes» (n = 53), «stressados» (n = 47), «pobres» (n = 43), «mal-educados» (n = 40) e «desrespeitosos» (n = 31). No total, foram codificadas 3.078 palavras através do software NVivo, que deram origem à nuvem de palavras apresentada na Figura 13.
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Figura 13 – Nuvem de Palavras sobre a Descrição dos Turistas que Visitam o Algarve
Como seria de esperar, tendo em consideração que o Algarve é um destino turístico sazonal, com elevada concentração turística sobretudo durante o verão, os residentes admitem interagir com os turistas sobretudo em época alta (média = 3,81): 34,4% dizem que interagem sempre e 25,1% quase sempre com os turistas, durante os meses de verão (Figura 14).
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Figura 14 – Interação dos Residentes com os Turistas, por Época e Desejo de Interação Futura
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A média de interação durante a época baixa, isto é, nos meses de inverno é bastante inferior (média = 3,04), sendo que a maioria dos residentes afirma interagir com os turistas às vezes (39,9%) ou quase nunca (23,5%).
No que respeita à intenção de interação futura com os turistas, a maioria dos residentes deseja manter o mesmo nível de interação (52,9%), embora muitos queiram interagir mais (25,8%) ou muito mais (12,6%) com os turistas. São poucos os que gostariam de reduzir o nível de interação turística (6,3%). Estes resultados demonstram claramente o apreço que os residentes têm pelos turistas e, no fundo, reforçam a perceção que têm em relação aos benefícios que a indústria do turismo traz para a região do Algarve.
