2. PERCEÇÃO DOS RESIDENTES EM RELAÇÃO AOS IMPACTOS DO TURISMO

Uma das dimensões analisadas neste estudo é a perceção dos residentes em relação aos impactos positivos e negativos do turismo nas vertentes económica, sociocultural e ambiental.

2.1. Impactos Económicos

No que respeita aos impactos económicos do turismo, os residentes percecionam diferentes aspetos positivos e negativos.

Figura 4 – Perceção dos Impactos Económicos Positivos do Turismo

Figura 5 – Perceção dos Impactos Económicos Negativos do Turismo

Em relação aos aspetos positivos, acreditam que o turismo contribui para aumentar as oportunidades de emprego (média = 4,31), para o desenvolvimento das atividades económicas locais (média = 4,24) e para criar novos negócios para a população residente (média = 4,18). Ainda assim, mostram-se mais descrentes em relação ao dinheiro que é gasto em estradas e urbanizações por causa do turismo (média = 3,13), no investimento em reabilitação de edifícios por causa do turismo (média = 3,23) e no dinheiro que é gasto pelos turistas permanecer no concelho onde residem (média = 3,23) (Figura 4).

Em relação aos aspetos económicos negativos, os residentes acreditam que o turismo é responsável pelo aumento do preço das casas e dos terrenos (média = 4,41), pelo aumento do custo de vida em geral (média = 4,31) e pelo aumento dos preços de bens e serviços essenciais, como a alimentação, o vestuário, os transportes, etc. (média = 4,06). Contudo, não acreditam que o turismo contribua para fazer desaparecer o comércio local/tradicional (média = 2,72) e para que a maioria dos negócios locais seja destinada apenas aos turistas (média = 3,06) (Figura 5).

Em termos globais, os residentes concordam mais com os impactos económicos positivos (média global = 3,80) do que com os negativos (média global = 3,74), demonstrando que, apesar das circunstâncias, os benefícios económicos gerados pelo turismo superam os prejuízos que eventualmente podem causar à população residente.

2.2. Impactos Socioculturais

No que respeita aos impactos socioculturais do turismo, os residentes também percecionam aspetos positivos e negativos.

Figura 6 – Perceção dos Impactos Socioculturais Positivos do Turismo

Figura 7 – Perceção dos Impactos Socioculturais Negativos do Turismo

Como aspetos positivos, destacam sobretudo a hospitalidade e cortesia com que recebem os turistas (média = 3,99), o facto de o turismo contribuir para o reconhecimento, prestígio e imagem do Algarve (média = 3,79) e de contribuir para estimular atividades culturais, festivais e tradições locais (média = 3,63). Contudo, são mais descrentes no que toca a considerarem que o turismo contribui para melhorar os serviços públicos (como centros de saúde, instalações desportivas, policiamento, etc.) (média = 2,59) e para aumentar a segurança dos residentes (média = 2,85) (Figura 6).

Como aspetos negativos, destacam sobretudo a relação entre o turismo e o consumo de drogas ou álcool (média = 3,47) e o aumento do stress e a perturbação da calma (média = 3,26). Ainda assim, não consideram que o turismo cause intolerância e desrespeito por outras culturas (média = 2,59), nem que os residentes possam alterar os seus comportamentos na tentativa de imitar os turistas (média = 2,57) (Figura 7).

Também no que respeita aos impactos socioculturais, os residentes concordam mais com os impactos positivos (média global = 3,32) do que com os negativos (média global = 2,89), revelando que, apesar de reconhecerem alguns problemas que derivam do contacto com os turistas, valorizam essencialmente os aspetos favoráveis desta relação.

2.3. Impactos Ambientais

Relativamente aos impactos ambientais do turismo, os residentes percecionam também aspetos positivos e negativos.

Figura 8 – Perceção dos Impactos Ambientais Positivos do Turismo

Figura 9 – Perceção dos Impactos Ambientais Negativos do Turismo

No que respeita aos aspetos positivos, acreditam que o turismo contribui medianamente para melhorar o sistema de sinalização (para acesso aos alojamentos, monumentos, etc.) (média = 3,15). Em contrapartida, reconhecem que o turismo não tem contribuído em grande medida para a construção de mais jardins e espaços verdes (média = 2,64), assim como não contribui para melhorar a proteção ambiental (média = 2,60) (Figura 8).

Relativamente aos aspetos negativos, os residentes destacam sobretudo os problemas de trânsito, estacionamento e acidentes provocados pelo turismo na região (média = 3,78), a poluição, o barulho e o lixo (média = 3,71) e a ocupação excessiva de áreas naturais (praias, serras, rios, etc.) que seriam para utilização livre dos habitantes (média = 3,47) (Figura 9). Mas, de modo geral, constata-se que, apesar de os residentes reconhecerem a ocupação excessiva do território durante a época mais turística, não se importam de partilhar os mesmos espaços com os turistas, em virtude dos benefícios que o turismo traz para a região e para a economia das famílias que dele dependem.

Ao contrário dos impactos económicos e socioculturais, em que os residentes destacam sobretudo a influência positiva do turismo, os impactos ambientais são percebidos essencialmente pela influência negativa que provocam no território, considerando que a média global atribuída aos impactos ambientais negativos é de 3,37, enquanto a dos impactos ambientais positivos é de apenas 2,83.

2.4. Estado Atual de Desenvolvimento Turístico no Algarve

A perceção dos residentes em relação aos impactos gerados pelo turismo implica, para além da avaliação dos aspetos positivos e negativos nas vertentes económica, sociocultural e ambiental, um parecer sobre o estado atual do desenvolvimento turístico na região. Em termos gerais, os residentes consideram o desenvolvimento turístico do Algarve como moderado (38,2%) ou forte (22,1%), sendo que a média global corresponde a 2,87 (Figura 10).

Figura 10 – Avaliação do Estado Atual de Desenvolvimento Turístico no Algarve

RELATÓRIO RESULTADOS ÉPOCA ALTA PARA O ALGARVE