Um dos fatores que determina as atitudes e os comportamentos dos residentes em relação ao turismo e aos turistas é o seu grau de envolvimento e dependência no setor. Por esse motivo, este estudo pretende conhecer o grau de informação dos residentes sobre o desenvolvimento do turismo, o seu grau de envolvimento no planeamento do turismo, o seu grau de dependência no setor, através do exercício de atividades profissionais desempenhadas pelos próprios ou por membros do agregado familiar, e o seu grau de apoio ao crescimento do turismo. Além destas questões, o estudo pretende analisar os hábitos de viagem dos residentes, bem como a proximidade da residência habitual em relação a atrações turísticas, reconhecendo que estas variáveis podem afetar também a forma como os residentes se posicionam face ao turismo e aos turistas nos municípios onde residem.
4. ENVOLVIMENTO E DEPENDÊNCIA DOS RESIDENTES NO SETOR DO TURISMO
4.1. Envolvimento dos Residentes no Setor do Turismo
Relativamente ao grau de informação sobre o desenvolvimento do turismo no concelho de residência, a maioria dos inquiridos afirma que está moderadamente (55,6%) ou pouco informada (18,2%), sendo que grande parte gostaria de receber mais informação a este respeito (70,9%) (Figura 15).
jsgs
Figura 15 – Grau de Informação sobre o Desenvolvimento do Turismo e Grau de Envolvimento no Planeamento do Turismo
No que respeita ao grau de envolvimento no planeamento do turismo no concelho de residência, a maioria considera que está pouco ou nada envolvida na tomada de decisões relacionadas com o turismo (55,9%), embora apenas cerca de metade dos respondentes (46,6%) manifeste interesse em participar. Depreende-se daqui que os residentes gostam de estar informados, mas não se querem comprometer com decisões que possam afetar o rumo do turismo no Algarve, seja porque assumem não ter competências suficientes para o efeito, ou porque simplesmente não se interessam em participar.
Os residentes no Algarve estão divididos quanto ao apoio ao crescimento do número de turistas na região. Apesar de a maioria defender que o Algarve deve receber mais turistas (51,5%), muitos desejam manter o número atual de turistas (41,4%). Ainda assim, uma pequena percentagem de residentes posiciona-se a favor da redução do número de turistas na região (4,6%). A média global de respostas situa-se em 2,48 que corresponde a «manter o atual número de turistas» (Figura 16).
Figura 16 – Apoio ao Crescimento do Número de Turistas no Algarve
4.2. Dependência dos Residentes no Setor do Turismo
Figura 17 – Atividade Profissional Relacionada com o Turismo no Algarve
Figura 18 – Atividade Profissional de Membro(s) do Agregado Familiar Relacionada com o Turismo no Algarve
Figura 19 – Rendimento do Agregado Familiar Relacionado com o Turismo no Algarve
Mais de metade dos residentes inquiridos desempenham profissões ligadas ao turismo (53,2%), (Figura 17), algo que não surpreende, tendo em conta que o turismo é o principal setor de atividade na região do Algarve.
Para além de muitos residentes dependerem diretamente do setor do turismo, muitos são também os que têm familiares próximos a trabalhar em profissões ligadas ao turismo. Do total de respondentes, 45,9% dizem ter membros do agregado familiar a trabalhar no turismo do Algarve (Figura 18).
Mais uma vez, demonstra-se a importância do turismo na região, que é a fonte de rendimento para milhares de famílias. Por isso mesmo, a maioria dos participantes (60,0%) admite que uma parte ou a totalidade do rendimento do agregado familiar provém do turismo (Figura 19).
4.3. Residência Próxima de Atrações Turísticas
Uma parte significativa dos residentes admite viver próximo de alguma atração turística no Algarve (37,8%) e muitos afirmam que vivem a uma distância moderada deste tipo de atrações (39,2%) (Figura 20). Este fenómeno não é surpreendente, tendo em conta a importância do Algarve como destino turístico e a diversidade de atrações de que dispõe. Entre as principais, constam inequivocamente as praias, as marinas, os monumentos, a vida noturna com os bares e discotecas, os parques aquáticos e temáticos, como o Zoomarine, o Aquashow e o Slide & Splash. Alguns referem ainda os shoppings, hotéis e restaurantes, como parte integrante da lista de atrações turísticas que o Algarve oferece.
Figura 20 – Proximidade da Residência em Relação a Atrações Turísticas no Algarve
4.4. Hábito de Viajar dos Residentes
No que toca ao hábito de viajar, a maioria dos residentes afirma que o costuma fazer (68,9%), (Figura 21), normalmente uma vez por ano (33,4%) ou de forma ocasional (24,7%). Uma minoria tem hábitos de viagem mais frequentes, ou seja, três ou mais vezes por ano (10,1%). Grande parte dos residentes escolhem outros países (44,3%) ou outras regiões de Portugal (43,6%) como destino de viagem. São poucos os que optam por fazer férias noutros concelhos do Algarve, que não o concelho de residência habitual (12,1%) (Figura 22).
Figura 21 – Hábito de Viajar dos Residentes no Algarve
Figura 22 – Frequência de Viagens e Locais Escolhidos para Viajar
4.5. Apoio à Existência de Turistas na Vizinhança
Relativamente à existência de turistas na vizinhança (Figura 23), a maioria dos residentes refere que não se importa com a sua presença, afirmando que é «indiferente para si» (47,8%). Contudo, uma parte significativa da população admite que apoia (28,5%) ou apoia totalmente (13,7%) a presença de turistas nas proximidades da sua residência. Tal significa que, pese embora, reconheçam os impactos menos favoráveis do turismo, como o barulho, a confusão, a poluição, etc., também identificam os impactos positivos, como os benefícios económicos para a região, motivo pelo qual muitos, não só apoiam a vinda dos turistas, como se sentem gratos pela sua contribuição.
Figura 23 – Apoio à Existência de Turistas na Vizinhança no Algarve